Bioética perde Marco Segre

Por Centro de Bioética

Marco Segre, um dos grandes nomes da Bioética brasileira, faleceu no dia 19 de julho, na Capital, aos 82 anos de idade.

Querido por muitos, o professor Segre, como era conhecido, foi defensor constante do princípio da Autonomia, em especial, no contexto de atendimentos médicos.

Por mais de uma década dedicou-se a garantia da ética médica, ao atuar no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), entidade da qual participou como conselheiro entre 1993 e 2003, sendo vice-presidente, além de diretor do Departamento Jurídico.

Nas últimas três décadasSegre se dedicou quase exclusivamente ao campo da Bioética.Em 1995 foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), entidade na qual também ocupou o cargo de Presidente.

Bela carreira
Formado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e médico-sanitarista pela Faculdade de Saúde Pública da USP, era professor emérito do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social e do Trabalho da FMUSP, local em que coordenou o Programa de Pós-Graduação em Ciências (Medicina Legal).

Ensinou ainda Bioética, Deontologia e Medicina Legal em instituições como Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP; Universidade Metropolitana de Santos, UNIMES; Universidade de Pernambuco, UPE; Universidade de Santo Amaro, UNISA; e Centro Universitário São Camilo.

Foi autor de vários artigos sobre o tema – entre os quais, Considerações sobre Crença, Religiosidade e Religião; Ensino da Bioética lato sensu Quem tem medo das (bio) tecnologias de Reprodução Assistida (com o professor Roland Schramm) – e livros, como Iniciação à Bioética, do Conselho Federal de Medicina (CFM), em 1998, e Bioética (Editora Edusp), organizado ao lado do também professor de Bioética da USP, Cláudio Cohen, pelo qual ganhou o prêmio Jabuti de literatura de 1996, na categoria Ciências Sociais e Medicina.

Foi laureado ainda com Medalha por serviços prestados ao Trabalhador Brasileiro, Universidade de São Paulo/USP e Prêmio Oscar Freire de Medicina Legal, Universidade de São Paulo/USP, entre outros. 

 

Alguns pensamentos expressados pelo professor Segre

(em entrevista dada ao Centro de Bioética, no ano de 2006. Vide íntegra)

- Em termos conceituais, filosóficos, a condição de autonomia plena é utópica, porque todos nós, em todas as fases da vida, sofremos grande quantidade de influências. A começar pelo nosso DNA, que nos condiciona em vários aspectos, além de nossas próprias experiências individuais.

- Nunca uso “ética” como adjetivo. Ético ou antiético. De acordo com determinados fatores culturais, o que para alguns pode ser ético, para outros não, da mesma forma que a autonomia e seus limites vão se definir de acordo com a sociedade, entendimento, cultura...

- Prefiro usar o termo “ético” como substantivo. Isto é, uma área de reflexão sobre valores. Tanto que denomino Ética da Reflexão Autônoma.

- (o início e o fim da vida) são apenas de momentos da evolução da vida. Para fins de relacionamento humano o que vale é o olho no olho, como dizia Mário Covas. É procurar construir parceria com sintonia, empatia e solidariedade com o doente, tentando, o quanto possível, decidir-se pelo melhor.


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