17-03-2014

Idosa e despejada

Em um belo dia de 2010, a juíza aposentada e octogenária Dorothy Brown recebeu um bilhete da direção da casa de repouso em que morava, convidando-a a retirar-se. Às lágrimas, informou pelo telefone o ocorrido à família, que se apressou em achar-lhe outro lar. Motivo do despejo: sua “militância” entre os velhinhos, na defesa do suicídio assistido – seguindo, aliás, o mesmo raciocínio usado durante a magistratura, quando pedia mudanças da lei no assunto. 

Um ano após a sua morte por causas naturais, os dois filhos da juíza Brown não se conformam com o ocorrido na clínica – e entraram na justiça para modificar a conduta da instituição. “Foi brutal. A direção a informou por escrito que ela deveria sair”, explicou Cameron Brown, do Surrey, Inglaterra. “Felizmente encontramos outra casa, mas uma pessoa um pouco mais velha e vulnerável teria como única saída apelar ao serviço social”. 

A discussão agora está na Câmara dos Lordes e aponta para a fragilidade da legislação local, ao mesmo tempo, tolerante àqueles que auxiliam na morte de entes queridos com doenças terminais, mas omissa, em relação ao papel de cuidadores e profissionais de saúde quanto à questão. 

Ameaça 
Por que a direção da casa para idosos resolveu expulsá-la? 

Segundo a proprietária, Elizabeth Owen, foi seguida a sugestão de advogados consultados à época. “Estávamos preocupados”, resumiu, explicando que os funcionários haviam encontrado entre os pertences da velhinha um frasco de pílulas sem qualquer identificação, além de uma carta sem data, nem remetente, que, segundo eles, parecia um “projeto de suicídio”. 

“Foi escrita para ser usada quando a minha mãe não tivesse mais condições de se expressar. Porém, na verdade, ela nunca teve intenção real de se matar”, defende Cameron Brown, lamentando que os advogados tenham considerado o texto como “evidência de intenção”. 

A polêmica envolvendo a juíza Brown chega justamente no momento em que tramita no parlamento inglês projeto de lei que pode legalizar a morte assistida. 

Fonte: The Telegraph 


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