05-05-2017

Efeito Nicholas

O que leva pais a doarem os órgãos de uma criança de sete anos, assassinada durante as férias? E se a doação for direcionada a pessoas do país em que a tragédia aconteceu?

À primeira pergunta o  antigo jornalista britânico Reg Green – pai de Nicholas Green, atingido por uma bala disparada por assaltantes contra o carro em que sua família passeava, no sul da Itália – não tem muita clareza, apesar de haver se decidido pela doação enquanto a criança estava ainda em coma, nos dias que precederam sua morte. “Naquele momento, essas pessoas (as sete que receberam os órgãos) eram meras abstrações. (...) Foi como dar dinheiro à caridade, sem saber como isso iria ajudar”, revelou.

Porém, a grandeza do seu ato logo foi percebida. “Quatro meses depois, fomos convidados a conhecer os receptores na Sicília, onde quatro deles moravam”.

Quando abriram-se as portas ao encontro, seis pessoas entraram – a sétima ainda estava hospitalizada. “Algumas estavam sorrindo, outras com lágrimas nos olhos, outras acanhadas, mas todas estavam vivas”, revelou Green, à rede BBC. Um dos casos mais marcantes foi o da jovem Maria Pia Pedala, em coma por falência no fígado no dia em que Nicholas morreu. Antes à beira da morte, dois anos depois de receber o órgão ela se casou. Meses depois deu a luz um menino – Nicholas – e, em dois anos, a uma menina.

O coração de Nicholas Green foi doado a Andrea Mongiardo, morto em 2017. “O órgão bateu três vezes mais no peito dele do que do meu filho”, revelou o pai.

Mas as histórias envolvidas no “efeito Nicholas” – conforme foi chamado em emissoras de TV italianas e britânicas e o retratado em livro por Reg Green – foram bem além do âmbito individual: se em 1993, um ano antes da morte de Nicholas, a média de doadores na Itália era de 6,2 para cada milhão de pessoas, após a divulgação da triste história os números vem crescendo vertiginosamente, alcançando a marca de 20 a cada milhão, em 2006.

Na Itália, Nicholas Green dá nome a 50 praças e ruas, 27 parques e jardins, 27 escolas, e 16 monumentos.

Fontes: Folha de S. Paulo e BBC Brasil.


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