Está sendo aperfeiçoada no Instituto Butantan, com apoio da FAPESP, uma nova vacina contra a tuberculose – mais potente do que a atualmente usada na imunização de crianças, conforme o publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature.
Conforme Luciana Leite, coordenadora do projeto e diretora do Laboratório Especial de Vacina do Butantan, “a vacina BCG tradicional é eficaz para proteger crianças das formas mais graves da doença, mas oferece proteção limitada contra infecções pulmonares em adultos. Portanto, desenvolver um novo imunizante mais potente tem sido um desafio da comunidade científica internacional. Diversas estratégias estão sendo testadas”, comentou Luciana Leite, e coordenadora do projeto.
O desenvolvimento dessa nova vacina corresponde a um desdobramento de um projeto de pesquisa anterior, com a meta de criar uma versão recombinante da vacina DTP – contra difteria, tétano e coqueluche.
Grande parte do conhecimento adquirido durante o projeto da coqueluche poderá ser aproveitado no desenvolvimento da nova vacina contra a tuberculose, encurtando etapas cruciais.
Bactéria modificada
O grupo focou-se em desenvolver versão recombinante da BCG, modificando bactéria usada na formulação da vacina convencional – a Mycobacterium bovis – para fazê-la produzir uma proteína típica de outra bactéria, a Escherichia coli. “Essa proteína recombinante, que chamamos de LTAK63, tem um efeito adjuvante na formulação, isto é, faz com que a resposta do sistema imune à vacina seja muito mais forte”, contou Luciana.
Nos experimentos com camundongos, os pesquisadores compararam a proteção oferecida pela BCG convencional e pela BCG recombinante. O grupo controle foi composto por animais não imunizados.
Nos animais não imunizados, houve grande infiltração de células inflamatórias no pulmão e a quantidade de bactérias no tecido chegou a um milhão. No grupo que recebeu a BCG convencional, o número de microrganismos encontrado girou em torno de 100 mil e o grau de inflamação bem mais moderado, porém maior do que o observado no grupo que recebeu a versão recombinante da vacina. Nesse terceiro grupo, foram encontradas no pulmão apenas cerca de mil bactérias.
A estimativa é que a nova vacina contra a tuberculose possa estar disponível em até 10 anos.
Fonte: Agência FAPESP
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