Ela é cuiabana, dermatologista, tem 36 anos, e hoje se locomove com dificuldade em cadeira de rodas. Quando teve a primeira das 34 crises da doença que a levaram à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estava de casamento marcado – plano que não se concretizou por decisão do noivo, que preferiu destinar os cuidados aos pais dela.
A tragédia pessoal de Letícia Franco – a qual se acredita seja portadora de uma nova síndrome chamada Asia, sigla em inglês para síndrome autoimune/autoinflamatória induzida, doença crônico-degenerativa que causa dores tão severas que torna necessária aplicação de morfina a cada quatro horas– se tornou conhecida após ela anunciar em seu Facebook a intenção de ir para a Suíça em busca de morte assistida, algo que sempre defendera como “direito” entre seus pacientes.
À rede BBC chegou a revelar: “não quero morrer cheia de tubos, ter uma morte sofrida, horrível como eu sei que é”. -
Por isso, no início de março, postou na rede social: “em 16 dias estarei longe, na Suíça, fazendo o que me deixará livre da dor e do medo (...). A toda a minha família deixo o mais sincero amor”. Tal declaração tomou vulto e foi publicada no portal O Livre, em Cuiabá, e emocionou tanta gente que fez com que a médica a excluísse, dias após a postagem.
Pouco tempo depois a médica Letícia mudou de opinião sobre o futuro: ofereceu a possibilidade de estudar o seu caso ao israelense Yehuda Shoenfeld, um dos principais pesquisadores da síndrome Asia no mundo.
“Sou médica, minha vida toda foi doação, então pensei que é um final justo para poder ajudar outros”.
Doença desconhecida
Em 2010, durante sua primeira internação, Letícia foi diagnosticada como portadora de dermotopolimiosíte. De natureza atlética, ela entrou no hospital com 78 quilos e saiu com 43 pela perda de músculos causada pela doença.
Três anos atrás, o quadro piorou. Isso fez com que fosse trazida ao Hospital das Clínicas de São Paulo, onde recebeu de reumatologista um diagnóstico diferente: Asia. A hipótese é de que o agente indutor à doença seja parte do conteúdo de próteses de silicone que se romperam quando tinha apenas 18 anos – mas há controvérsias.
Conforme disse à BBC o cirurgião Paulo Godoy, que responde pela área de biomateriais e próteses da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, apesar da possibilidade de reações por conta de ruptura da prótese, “essa síndrome é raríssima e ainda precisa ser estudada”.
Fonte: BBC Brasil
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