Se em 2000, apenas 149 órgãos de doadores que sofreram uma overdose fatal de drogas foram transplantados em pacientes que esperavam por um substituto renal, cardíaco, hepático ou pulmonar. Em 2016, vítimas de overdose doaram 3.533 desse montante.
Para muitos pacientes transplantados, a maior disponibilidade de órgãos daqueles que morrem de intoxicação por drogas se traduziu em taxas de sobrevivência levemente melhoradas, na marca de cinco anos, de acordo com pesquisa publicada em meados de abril no Annals of Internal Medicine.
No estudo, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins analisaram como o uso de opióides mudou as perspectivas para os receptores de transplantes, e se esses “presentes de despedida” de usuários estavam sendo bem utilizados.
Para tanto, os pesquisadores examinaram os registros de 138.565 doadores de órgãos falecidos e 337.934 receptores de órgãos viáveis entre 2000 e 2016.
Descobriram que pacientes transplantados que receberam corações ou pulmões de usuários de drogas falecidos tinham entre 1% e 5% mais chances de estar vivos depois de cinco anos do que aqueles que tiveram corações ou pulmões de doadores que morreram de trauma ou causas naturais.
Os receptores de um coração ou pulmões de uma vítima de overdose também tiveram menor probabilidade de ter rejeitados esses órgãos do que os receptores cuja doação veio de um paciente morto por trauma ou causas naturais.
Pacientes que tiveram um rim ou fígado de um doador vitimado por overdose foram 2% a 3% mais propensos a sobreviver cinco anos do que os pacientes que tiveram seu rim ou fígado de alguém que morreu de outra condição médica.
Para a maioria dos órgãos estudados, a evidência “favorece ligeiramente” o uso daqueles vindos de doadores que sofreram overdoses fatais sobre órgãos de outros doadores, concluíram os pesquisadores.
Jovens
Quase dois terços das vítimas de overdose fatal de drogas ainda são jovens – entre 21 e 40 anos – apresentando, assim propensão muito menor de ter órgãos desgastados por doenças cardiovasculares. Em contrapartida, têm maiores chances de carregar infecções virais graves, como HIV e hepatite B ou C.
Conforme os autores, estigma, as preocupações legais e os procedimentos especializados de consentimento para órgãos doados por vítimas de overdose podem tornar os cirurgiões de transplantes e os pacientes mais relutantes em aceitá-los.
Fonte: Los Angeles Times
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