20-11-2011

Crianças de orfanato...


A constatação é muito preocupante e foi divulgada pela respeitada revista científica Pediatrics: crianças que vivem em orfanatos estão recebendo tantas prescrições de coquetéis de antipsicóticos, por parte de médicos do Medicaid (programa de saúde norte-americano direcionado aos mais pobres) quanto aquelas com graves problemas mentais, como esquizofrenia ou distúrbio bipolar severo. 

Trata-se do primeiro estudo voltado a averiguar qual é a freqüência de abrigados em orfanato a ingerir todos os dias, pelo menos, duas drogas antipsicóticas como Risperdal, Seroquel e Zyprexa, (desenvolvidas inicialmente para o tratamento da esquizofrenia), e, ainda, outros remédios tranquilizantes.

De acordo com Susan Dosreis, pesquisadora-chefe e professora da Universidade de Maryland, “crianças acolhidas por orfanatos vêm, com certeza, de lares ruins, mas não apresentam o tipo de complexidade médica equivalente aos deficientes mentais”. Completa: “simplesmente não existem evidências científicas que suportam este tipo de uso, especialmente entre crianças pequenas”.

Estudo
Durante o trabalho, pesquisadores envolvidos em saúde mental analisaram as fichas médicas do Medicaid de 637.924 menores de orfanatos, em um estado norte-americano cujo nome não foi divulgado. Tiveram acesso aos benefícios de tratamentos usando mais de duas drogas antipsicóticas a crianças com autismo ou transtorno bipolar severo, em comparação às crianças abrigadas e outras, acolhidas por um programa chamado “Assistência Temporária para Famílias Carentes”.

Segundo os pesquisadores, cerca de 3% do total –16.969 crianças– receberam pelo menos uma prescrição que combinou duas drogas antipsicóticas. Foram as que vivem em orfanatos as que receberam mais prescrições: 9,2% do total de tratados; contra 6.8% de crianças com conhecidos problemas mentais; e 2.5%, cuidadas em assistência temporária.

Em geral, a segunda droga antipsicótica é adicionada ao tratamento para combater efeitos colaterais da primeira.

Na opinião de Ramesh Raghavan, pesquisador em saúde mental pela Universidade de Washington, “os psiquiatras não estão passando esse tipo de tratamento aos seus pequenos pacientes por dinheiro, já que a compensação financeira proporcionada pelo Medicaid é muito baixa (...). Há uma angústia enorme, porque todos sabemos que isso não é o melhor para as crianças”.

Completa: “nós, como sociedade, não estamos promovendo os devidos tratamentos psicossociais, fazendo com que os médicos sejam forçados a prescrever psicotrópicos capazes de controlar a situação”.

Segundo os autores, antipsicóticos trazem conseqüências importantes às crianças, como ganho rápido de peso e distúrbios metabólicos.

Fonte: New York Times

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