07-11-2003

Médico é acusado de "matar" tetraplégico

Reviravolta no caso Vincent Humbert, 22 anos – conhecido por envolver o presidente da França em sua luta pelo direito à eutanásia. Agora, médico é acusado de ter aplicado as injeções que levaram o rapaz à morte.

Em comunicado recente, o procurador Gérard Lesigne, da cidade francesa de Boulogne-sur-Mer, afirmou que, ao contrário do que muitos acreditavam, as injeções de barbitúricos aplicadas pela mãe do paciente, Anne-Marie, não ocasionaram a morte.

Segundo ele, a eutanásia aconteceu pela ação do médico Fréderic Chaussoy, chefe da equipe de reanimação da clínica em que aconteceu a última internação do jovem. Este sim teria empregado sucessivas injeções com substâncias letais de barbitúricos e cloreto de potássio, após tentativa frustrada promovida por Anne-Marie.

Morto vivo
Conforme Vincent conta no livro autobiográfico Je Vous Demande le Droit de Mourir (Peço-lhe o Direito de Morrer), sua vida "acabou" no dia 24 de setembro de 2000, numa estrada da Normandia, quando o carro que dirigia foi atingido por um caminhão.

Mesmo tendo ficado cego, surdo e tetraplégico, o ex-bombeiro chegou a desenvolver um "método" peculiar para escrever a obra, usando a ponta do polegar – única parte do corpo capaz de "certo" movimento.

Numa tentativa desesperada, escreveu carta ao presidente da França, Jacques Chirac, implorando que permitisse a eutanásia. Chirac reconheceu: "seus sofrimentos terríveis me comoveram profundamente". Mas lamentou: "não posso lhe conceder o que você pede, pois o presidente da República não tem esse direito".

Depois, no mês de setembro, o mundo soube que a mãe de Vincent havia praticado a eutanásia. Logo em seguida, o médico Chaussoy assumiu parte da responsabilidade, dizendo que teria desligado o aparelho respiratório que mantinha Vincent vivo, depois que Anne-Marie Humbert aplicou os barbitúricos.

Apesar de garantir que seu desejo não é o de "arruinar Chaussoy", o procurador Lesigne confirmou que pretende levá-lo à julgamento por "envenenamento com premeditação". Se condenado, pelas leis francesas o médico corre o risco de pegar prisão perpétua.

Fontes: O Globo; Le Figaro; Folha de São Paulo e Folha on-line


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