25-11-2011

Depois de uma consulta uma paciente me acusou de ser “bruto” e de tê-la machucado. Como me defender, se estávamos sozinhos?


Colega diz que uma de suas pacientes fez queixas à Comissão de Ética Médica (CEM) do hospital em que trabalha e, na sequencia, à Diretoria do local, quanto ao seu atendimento. Alegação: durante consulta o médico teria sido “bruto” e a machucado – atitudes negadas por ele, que afirma só haver tomado conhecimento das acusações quando chamado para justificar-se.

Pergunta: Como proceder em tais situações, já que o atendimento ocorre em sala fechada, sem a presença de outras pessoas?

A situação descrita faz parte da prática corriqueira da Medicina: envolve a relação médico-paciente, baseada essencialmente na confiança e calcada em alguns pilares, dentre eles, na confidencialidade e na privacidade. Por conta destes referenciais, a consulta médica deve ser feita em local onde o paciente possa relatar o que sente da maneira mais completa possível, com conforto e privacidade, para que obtenha a ajuda que procura.

Por outro lado, o médico deve garantir tais condições ao atendido, para que seja capaz de ouvi-lo, examiná-lo e tomar as devidas condutas, sempre tendo em mente os postulados éticos da profissão.

É freqüente que o atendido se apresente acompanhado por familiar ou pessoa de sua confiança, situação que pode ser benéfica, especialmente, porque se está acompanhado de alguém, implicitamente demonstra que aquela pessoa é de sua confiança: qualquer assunto ou fato ocorrido na consulta pode ser dividido (com) e confirmado (por) ela.

Contudo, baseando em sua experiência e no bom-senso, o profissional pode solicitar que um funcionário da equipe de saúde, por exemplo, um enfermeiro, acompanhe a consulta, explicando ao paciente que este, da mesma forma que ele, está preso ao sigilo profissional. Na área de ginecologia e obstetrícia, inclusive, há recomendação formal do Cremesp, para que o exame ginecológico seja acompanhado por outro profissional da equipe – o que é importante e necessário.

Diante do exposto, as recomendações mais adequadas ao colega é que procure cumprir rigorosamente os nossos postulados éticos; que mantenha uma relação médico-paciente no mais alto nível possível; e que, se sentir que determinadas consultas ou avaliações médicas tendem a fugir da rotina, para a própria segurança, providencie o acompanhamento de outro profissional da equipe preso ao sigilo.

Para terminar esta reflexão, não poderíamos deixar de dizer que a Medicina é uma das atividades profissionais mais prazerosas àqueles que a praticam com dedicação, porém nunca vai deixar de ser uma atividade de risco, entendido este no sentido mais amplo do seu significado.

Baseado no Parecer Consulta nº 9.413/10, do Cremesp. 

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