Cientista australiano de 104 anos de idade começou sua jornada à Suíça, onde planeja acabar com sua vida, dizendo que “lamenta muito” ter vivido até essa idade tão avançada. Como não possuía recursos para tal, contou com os US$ 20 mil doados por simpatizantes da morte assistida, guardados em uma conta bancária criada para esta finalidade.
O botânico e ecologista David Goodall está viajando para a clínica Life Circle em Basileia, acompanhado por uma enfermeira da organização pró-eutanásia Exit International, destinada a propiciar suicídio médico assistido, campo em que milita há cerca de 20 anos.
"Se alguém escolhe matar a si mesmo, isso deve ser justo e não acho que ninguém mais deva interferir", disse o homem à rede australiana ABC.
Foi mais longe nessa entrevista, concedida pouco antes da data planejada para a sua morte, 10 de maio: afirmou que, se tivesse que escolher um presente de aniversário, em abril, seria morrer. "Não, eu não sou feliz. Eu quero morrer... Não é particularmente triste, o que é triste é se alguém é impedido (de morrer)", disse ele à emissora australiana ABC.
Segundo o homem, embora ainda estivesse tecnicamente saudável, sua condição física e qualidade de vida estavam se deteriorando. “Posso muito bem não ter (minha saúde) cada vez pior, me deixando infeliz”.
Nascido em Londres em abril de 1914, meses antes do início da Primeira Guerra Mundial, é um respeitado professor que ocupou posições acadêmicas no Reino Unido, Estados Unidos e Austrália. Após sua aposentadoria em 1979, editou uma série de 30 volumes intitulada Ecossistemas do Mundo, escrita por mais de 500 autores.
Polêmica
A eutanásia ainda é ilegal na Austrália, inclusive no estado natal de Goodall, na Austrália Ocidental – embora o estado de Victoria planeje permitir morte assistida a partir de meados de 2019.
Michael Gannon, presidente da Associação Médica Australiana, disse que a posição da entidade é clara: os médicos não devem ter envolvimento com eutanásia, ou com o suicídio assistido. “Acompanhamos este caso com interesse, especialmente com as leis propostas em meu estado natal, o mesmo do senhor Goodall. É muito triste ouvir que alguém se sente assim”, disse ele.
Philip Nitschke, fundador da Exit International, disse que a opção de viajar à Suíça a procura de suicídio assistido baseia-se em uma boa razão e preencha certos critérios. "Minha crença é que qualquer adulto racional deve ter a capacidade de acessar as drogas que lhes dariam uma morte tranquila e confiável", disse ele.
Nitschke disse que Goodall passará alguns dias na França antes de viajar para a Suíça e terminar sua vida. "David está certamente aliviado, pode ver a luz no fim do túnel agora ele tem as coisas no lugar", disse Nitschke, que conhece o paciente há 20 anos.
Nitschke disse que Goodall tentou recentemente tirar a própria vida, mas acabou acordando no hospital, onde os médicos julgaram que ele era um risco para si mesmo. Só foi liberado após uma revisão psiquiátrica independente, encomendada por sua filha. "Ele ficará muito aliviado quando o avião realmente decolar".
Fonte: Rede CNN
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