24-10-2012

Duas fêmeas e um macho


Técnica semelhante já havia sido estudada pela universidade de New Castle, no Reino Unido, mas esbarrou na legislação e em quesitos éticos defendidos por experts daquele país. Foram pesquisadores norte-americanos, no entanto, aqueles que conseguiram ir mais longe, em método que, em suma, reúne o DNA de duas fêmeas e um macho em um único embrião, na tentativa de prevenir doenças transmissíveis de mãe para filho.

Detalhes dos estudos do grupo da Universidade de Oregon, EUA, foram publicados em recente edição da revista científica Nature (veja abstract). A proposta é prevenir doenças mitocondriais graves, capazes de levar a consequências como fraqueza muscular, cegueira e insuficiência cardíaca, entre outras.

Mitocôndrias são potências que flutuam em torno de células, que convertem alimentos em energia. Pela técnica trazida pela Nature o material mitocondrial do óvulo de uma mulher, identificado como “defeituoso”, é trocado pelo de uma doadora, classificado como “saudável”. 

O material, então, é fertilizado, in vitro, pelo esperma doado pelo pai biológico. O embrião resultante, implantado no útero materno.

Em teoria, a criança teria o material genético de seu pai, mãe e doadora. No entanto, não herdaria características da terceira.

Animais e humanos
A técnica já foi usada pelo grupo coordenado pelo professor Massahito Tachibana com macacos e deram origem a animais saudáveis, que já têm três anos de idade.

Em humanos, as pesquisas se limitaram a colher óvulos de voluntárias saudáveis, e substituir os núcleos mitocondriais por outros, e fertilizá-los com esperma. Notou-se que cerca de metade dos embriões se desenvolveu normalmente até o estágio de blastocisto (cinco ou seis dias depois).

A outra metade apresentou alguma anormalidade.

A diferença entre esse procedimento e o outro, que pode dar origem a um bebê, foi que o embrião criado não foi transferido ao útero materno, na fase de blastocisto.

Por isso, apesar de ser considerada “promissora” em laboratório, não há garantias de que a técnica funcione no dia a dia das reproduções assistidas, como concluíram os próprios pesquisadores.

O próximo passo agora é avaliar se o tratamento que funcionou em cobaias é seguro para ser aplicado em humanos.

Fontes: Bom dia Brasil; site BBC Brasil e Arquivos do Centro de Bioética

Veja também:
DNA de três pessoas (23-01-2012) 

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