Os três melhores trabalhos elaborados entre os 10 bolsistas do Centro de Bioética do Cremesp em 2014 foram apresentados ao presidente, Bráulio Luna Filho, vice-presidente Mauro Aranha, e aos demais conselheiros durante sessão plenária, no dia 24 de março. Reinaldo Ayer, conselheiro e coordenador do Centro de Bioética, afirmou no evento que foram recebidos cerca de 50 pedidos de bolsa, destacando a qualidade dos 10 estudos concorrentes, com alto grau de envolvimento dos orientadores e das instituições.
Com o tema A influência da estratégia promocional das indústrias farmacêuticas sobre o receituário médico, segundo a opinião de graduandos, Priscila Schindt de Albuquerque Schil, quarto anista da Faculdade de Medicina da Universidade Anhembi Morumbi, detectou em seus estudos que ao longo da graduação, os alunos de Medicina se tornam mais permeáveis às estratégias da indústria e menos éticos. Foram entrevistados 600 alunos de Medicina da Universidade Anhembi Morumbi, do 1º ao 6º ano, e a condescendência em relação a brindes e patrocínios dos laboratórios é maior na medida em que os alunos se aproximam da graduação.
Na visão da bolsista, isso demonstra que há uma deficiência no ensino da ética. “As escolas médicas não estão fazendo o seu papel de formar eticamente os alunos, enquanto a indústria farmacêutica é poderosa e patrocina inclusive eventos estudantis e encontros de residentes”, comentou Luna Filho.
Gastrotomia
Renata Papassoni Santos (foto em destaque na home), que está no 6º ano da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), discorreu sobre a Encefalopatia infantil e a gastrotomia – uma reflexão bioética sobre a tríade paciente, cuidador e profissional da saúde. Ela detectou que embora haja uma rejeição inicial e uma mudança drástica na rotina das mães (principais cuidadoras), elas entenderam o benefício do procedimento para o ganho de peso da criança. Renata destacou também o papel dos profissionais da saúde para auxiliar o entendimento das mães, uma vez que quando bem informadas, as mães se revelaram colaborativas e favoráveis à necessidade do procedimento.
Câncer de mama
Os aspectos éticos do tratamento cirúrgico do câncer de mama foram o tema do estudo de Regina Avelina de Morais da Silva, que está no 3º ano da Faculdade de Medicina de Taubaté, realizado em parceria com o Hospital de Câncer de Barretos, que atende o SUS. Ela analisou dois grupos de médicos (com e sem formação em cirurgia oncoplástica) e de pacientes (mastectomizadas e que não receberam tratamento reconstrutivo). Entre os médicos, ela observou que quanto maior o tempo de experiência profissional do médico, menos ele indicava a reconstrução da mama ao paciente, embora exista legislação nesse sentido.
Entre os profissionais sem formação oncoplástica, o motivo estava ligado à falta de treinamento. Já entre os que possuíam formação, o maior problema era a falta de infraestrutura hospitalar. Entre as pacientes, os resultados indicaram que as que fizeram a reconstrução da mama perceberam melhora significativa na qualidade de vida, superior às que não fizeram a cirurgia. Regina comentou que as conclusões poderiam ser diferentes se o estudo tivesse sido feito em uma instituição privada, com pacientes mais bem esclarecidos sobre a reconstrução da mama pós-câncer.
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